Aperte os cintos que eu vou apertar o play.

Já é clichê, todo mundo sabe: uma mesma realidade pode ser entendida de formas diferentes dependendo do ângulo pelo qual a enxergamos. Existem vários exemplos.

Mas, desta vez, quero citar um que me ocorreu quando vi esta criança jogando Skillful Finger num projeto que temos em uma escola de ensino fundamental. Por que derrotas sucessivas nos videogames não nos paralisam tanto quanto derrotas sucessivas na vida?

Uma das razões está na forma como vemos a derrota em cada situação. Nos games, ela é só mais uma tentativa das que precisamos gastar até aprendermos o que nos falta para conseguirmos vencer.

Na vida, a tendência é desanimarmos a cada nova derrota até abandonarmos aquele sonho, concluindo “não levo jeito para isso” ou “isso não é pra mim”, e ainda ficar lamentando todo dinheiro, tempo e energia desperdiçados que poderiam ter sido melhor aproveitados. Essa perspectiva é verdadeira? Muitas vezes não, mas, mesmo quando não, fatalmente se concretiza na vida dos que tendem a elas.

Isso acontece porque, ao olharem as derrotas como sinais de impossibilidade, essas pessoas perdem todo motivo e ânimo para continuarem buscando seus objetivos. Logo, naturalmente, desistem, e a desistência delas completa o desserviço de tornar o que seria só mais uma derrota (das ’n’ necessárias para aprenderem a vencer e chegarem à vitória) no fim do sonho e no real desperdício do dinheiro, do tempo e da energia que haviam despendido até então — já que a desistência anula todo o sentido que tais tentativas teriam caso essas pessoas perseverassem até vencer.

O mais curioso é que, quando munido daquela mentalidade de jogador, as chances de alguém, com as mesmas habilidades e encarando os mesmos desafios, não desistir e alcançar a vitória, são incrivelmente maiores. Isso acontece porque o raciocínio dessa pessoa é basicamente este:

1) “O que eu aprendi com essa derrota?”

2) “Hummm aprendi que não devo fazer… …e que preciso ser mais rápido na hora de…”

3) “Estou animado para tentar de novo, porque aprendi algo novo, que não sabia nas vezes que fracassei. Agora estou mais preparado e, portanto, mais próximo de conseguir.”

Ou seja, para ela, suas derrotas se tornam os fornecedores dos conhecimentos que a aproximam da vitória e, portanto, a deixam mais animada para tentar novamente, e não menos animada até desistir. E esse ciclo virtuoso a faz chegar lá.

Não quero dizer que devamos sempre perseverar em todos os desafios que se nos apresentam. Há desafios que nos chamam e que sequer deveríamos encarar e que, uma vez encarados, provocam derrotas que nos ajudam a discernir corretamente que eles não são para nós.

Mas quando queremos muito uma coisa por muito tempo, quando as derrotas não são suficientes para nos fazer deixar de desejar essa coisa, e essa vontade não tem origem em sentimentos de vingança, ódio, remorso ou em provar alguma coisa para alguém, eu realmente acredito que não deveríamos parar de lutar por ela, por mais numerosas que sejam as derrotas.

Só que existe outro ponto em comum entre os jogadores e os perseverantes da vida real que é ainda mais decisivo para essa não intimidação perante as derrotas. Esse ponto não se encontra nos indivíduos, como a questão da mentalidade. Ele vem da relação entre características do indivíduo e do meio em que ele atua, e é mais decisivo que a mentalidade, porque:

1) Transforma mentalidades desistentes em mentalidades perseverantes

2) Potencializa a mentalidade perseverante

3) Reduz significativamente o stress do caminho (o que muitas vezes é a causa da desistência)

4) Sinaliza quando você está num desafio que vale a pena perseverar até vencer

E não estou falando da equidade. Ficou curioso? Então fique conosco para ser avisado quando o próximo artigo sair e deixe um comentário aqui embaixo com o que você acha que é esse ponto mais decisivo.

Caso esteja chegando agora por aqui, leia nosso manifesto para ficar contextualizado.

No pain, more gain if you play your own game.

Abraços!

Leandro Costa

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  • Luís Eduardo Salgado Bueno disse:

    Acredito que o ponto chave é tentar de fato enchergar a vida como um em que cada coisa que acontece, é um ponto de xp que ganhamos, e as derrotas tem um xp bonûs, pois nos faz observar mais atentamente o que podemos melhorar, raramente observamos o que podemos fazer melhor quando fazemos algo que da certo.

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